(Da sucursal em Brasília-DF) – No último dia 17, enviei um
Sedex para São Paulo.
Fiz o envio na agência de distribuição aqui no SIA. Como ali
já é um centro de despachos, sempre tenho a sensação de que daquela agência as
encomendas saem mais rapidamente.
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Carteiro trabalha em Campinas apoiado
por escolta armada. Foto: Apu Gomes/Folhapress |
No balcão, atendimento rápido, valor justo e a garantia de
que em dois dias o destinatário estaria com a caixa despachada em mãos.
Com o código de rastreio, comecei a acompanhar o caminho
percorrido pela caixa, enviada por mim às 12h26 do dia 17. Pelo pouco que
sei da logística dos Correios, minha caixa pegou um voo da Rede Postal Noturna,
provavelmente em um Boeing 727 da Rio, e antes das 9h já estava na unidade operacional
dos Correios, em São Paulo.
E neste ponto, começou mais uma das peculiaridades
brasileiras.
No meio da tarde fui verificar se a encomenda já tinha sido
entregue. Seria o natural diante do prazo dado pelo atendente. Quando abria a
tela de rastreio, uma mensagem indica que a área de destino da caixa tem prazo
diferenciado de entrega.
Como nunca tinha visto essa mensagem, resolvi esperar.
Avisei ao destinatário que a caixa demoraria um pouco a chegar e fiquei
monitorando a evolução do rastreio.
Na sexta-feira, dia 21, o status da caixa era o mesmo. Nada
de evolução. Intrigado, liguei no atendimento ao cliente dos Correios.
Expliquei ao atendente o ocorrido, que me pediu o código de
rastreio. A informação que ele me passou me impressionou:
– Senhor, a polícia nos encaminha dados de violência de
diversas regiões. Com base nestas informações, alguns CEPs das cidades de São
Paulo e do Rio de Janeiro têm restrição de entrega, que é feita semanalmente,
com escolta armada, para proteção da integridade das encomendas e,
especialmente, para preservar a vida dos funcionários dos Correios.
Fiquei sem resposta.
Não consegui nem reclamar da ineficiência do atendente na
agência aqui do SIA, que não me informou sobre essa restrição.
Achei um absurdo. Logo me veio a cena de um carteiro, em uma
bicicleta cargueira, vestindo colete à prova de balas e escoltado por um carro
de seguranças armados.
É insano pensar que um serviço básico de qualquer país depende de armas de
fogo para funcionar nas duas maiores cidades brasileiras.
E hoje, dia 25, minha caixa ainda não chegou ao seu destino.
Juro que não me importo. Se for para colocar a vida do
coitado do carteiro em risco, é melhor que nem chegue mesmo.