Pular para o conteúdo principal

Rescaldo de Suzuka - Será que Bianchi tentou salvar os fiscais?

Atendimento a Bianchi. Foto: Getty Images
(Da sucursal em Brasília-DF)O Gabriel Jabur, parceiro do DriveBrazil, me mandou em meu celular um vídeo gravado do acidente gravíssimo que Jules Bianchi, piloto francês da Marussia, sofreu ontem no final do GP do Japão, em Suzuka. 

As imagens foram feitas por torcedor, que filmava o resgate do carro de Adrian Sutil.

Esperei um bucado antes de falar sobre este acidente. Quando algo de tão extraordinário e grave acontece, é melhor esperar a poeira baixar para não escrever bobagens.

O vídeo é assustador. O impacto foi perpendicular em relação ao guindaste, que dava ré para recolher a Sauber acidentada de Sutil. Bianchi acertou o trator com em alta velocidade, ao ponto de fazer o veículo de resgate saltar do chão.

Avance até 1m para assistir ao impacto. As imagens são fortes.


O carro de Bianchi passou por baixo do guindaste e andou alguns metros antes de parar por completo

Por sorte, os fiscais de prova perceberam a tempo o carro desgovernado e livraram-se dos cabos que seguravam para guiar o carro erguido de Sutil. A tragédia não foi maior por muito, muito pouco.

Desnorteados, os fiscais correm até o carro destruído de Bianchi e, ao perceberem a violência do acidente, demonstram desespero. 

Nas imagens é possível ver Adrian Sutil tentando avaliar a situação de Bianchi. O piloto olhou por cima da mureta e foi afastado por um dos fiscais.

O ângulo em que Bianchi entra na área de escape é intrigante. Como não é possível ver o que levou a perda do controle da Marussia, fica complicado entender porque Bianchi entrou tão forte e em linha reta. 

Ele pode ter aquaplanado, assim como Sutil? 

Sim, mas porque o carro não girou, como no acidente de segundos antes? Dei uma olhada nas trocas de pneus. Bianchi fez a terceira parada na volta 27 e ia para a 17ª volta do jogo de pneus, sendo que muitos pilotos estavam fazendo trocas com no máximo 15 voltas. Button, por exemplo, fez a terceira troca com 11 voltas de uso dos pneumáticos.

Uma hipótese é que talvez o fato dos pneus já estarem bastante ruins naquele momento, somado a quantidade de água naquele ponto da pista, tenham sido preponderantes para Bianchi ter passado direto, perpendicular à curva, sem esboçar tentar desviar do guindaste.

Com menos ênfase, mas também com possibilidades, fica a dúvida se não pode ter acontecido algo no carro de Bianchi que o tenha tirado o controle. Um estouro de pneu ou a quebra de algum componente de suspensão poderiam ser motivo para a repentina perda de controle.

Fato é que as condições da pista estavam ruins no momento do acidente. Cinco voltas antes do acidente de Bianchi, Felipe Massa já berrava no rádio pedindo o fim da prova por culpa do excesso de água no traçado.

Sobre a posição do guindaste, deixo claro que nada deve estar na pista além dos carros de corrida.
Se um guindaste, um avião, um helicóptero, uma galinha, um pônei precisarem entrar na pista, isto deve acontecer sob intervenção do safety-car. 

E, em uma condição como a de ontem, com a chuva forte que caía sobre Suzuka, qualquer movimentação na pista deve ser feita com muito cuidado e sempre levando-se em consideração todos os critérios de segurança.


Critérios que não foram observardos, quando é possível constatar algo de absurdo durante a remoção do carro de Sutil: bandeiras verdes eram agitadas pelos fiscais! Sim, o fiscal na torre, logo acima do acidente, agitava uma bandeira verde, informando aos pilotos que a condição de corrida estava estabelecida, mesmo com um guindaste em pista.

Isso demonstra a falta de comunicação entre direção de prova e fiscais de pista, uma vez que a telemetria indicava bandeira amarela naquele trecho.

Um festival de erros que ontem, por um lapso de sorte, não vitimou também os trabalhadores que ajudavam a içar o carro de Sutil. 

Ou, sabe lá Deus se Bianchi, ao ver aquelas pessoas expostas, não as poupou mantendo o carro em linha reta?

Ficam dali lições para serem analisadas e aprendidas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

De volta à Europa

(Da sucursal em Brasília-DF) – No domingo começa a temporada europeia da Formula 1, depois de uma sessão de quatro provas no oriente. A volta das corridas ao continente europeu trará duas grandes mudanças, com efeito já no GP da Espanha de domingo: -  melhoria da minha qualidade de vida. As largadas voltam a ser às 9h da manhã e eu deixo de ser obrigado a acordar no meio da madrugada de domingo para não ter de ver a corrida no compacto do Esporte Espetacular; - a logística da F1 se acerta. Como as equipes não precisam mais se deslocar para o outro lado do planeta, engenheiros e designers passam a ter mais tempo para desenvolver os carros. É no começo das provas na Europa que o campeonato acirra a disputa, com equipes aperfeiçoando os carros com mais eficiência e em menos tempo. Especula-se, por exemplo, que o novo chassi que a Red Bull usará na Espanha é fantástico, sensacional e fodástico. Porém, de tudo o que pode mudar a partir de domingo,

Senna, 20 anos sem meu herói da infância

Eu não era um garoto que dava trela para super-heróis. Nunca tive bonecos, nunca gostei do Hulk, do Homem-Aranha, do super capitão de cueca fora das calças. Minha onda sempre foram os carros, as corridas. E, aos nove anos, eu já cumpria o ritual dos fins de semana de Formula 1: assistia aos treinos nos sábados e as corridas, nos domingos. Verdade que não conseguia ver todas as provas. Minha mãe levava o meu irmão e a mim à igreja aos domingos, mas eu conseguia pegar ao menos os primeiros 30, 40 minutos das corridas e, quando reencontrava meu pai, ao entrar no carro para voltar para casa, a primeira coisa que eu perguntava era quem tinha ganhado. Mas aquele fim de semana foi diferente. No sábado, 30 de abril de 1994, eu estava na sala assistindo ao treino classificatório para o GP de San Marino. Naquela época a fórmula dos treinos era diferente. Os boxes eram abertos por uma hora e, durante aquele período de tempo, todos os carros iam para a pista lutar pelos mel

A babaquice anti-Barrichello

Erguido por Coulthard e Hakkinen e humilhado pelos brasileiros (Da sucursal em Brasília-DF) - Ouvi na CBN na manhã de hoje o programa Hora de Expediente, apresentado pelo ator Dan Stulbach, o economista Luiz Gustavo Medina e o escritor José Godoy. Gosto bastante do programa noturno de sexta-feira que esses três fazem, o Fim de Expediente, o que não quer dizer que ache tudo o que eles dizem bacana ou engraçado. O tema do programinha de 7 minutos da manhã de hoje foi puxado por Dan Stulbach, que trouxe a piada bobinha de Rubens Barrichello x tartarugas. Segundo Stulbach, hoje é Dia Mundial da Tartaruga e aniversário de Rubens Barrichello. E, para entrar no certame das piadas batidas e sem muito argumento, o ator conectou os dois eventos e os três apresentadores fartaram-se na lida de malhar ao Rubens. Mas, fora do senso comum e atendo-se aos números, Rubens merece ser comparado a tal da tartaruga? - 326 corridas, 19 temporadas - alguém lento ou ruim largaria tantas vezes