Pular para o conteúdo principal

Brasília, cidade do automobilismo

Arquibancadas lotadas no autódromo de Brasília
para a Stock Car. Foto Duda Bairros/Vicar
(Da sucursal em Brasília - DF) – Tive a ideia deste post faz mais de 15 dias, porém não imaginei que seria tão difícil conseguir os números que precisava.

Finalmente ontem, a Patrícia Casagrande, assessora de imprensa da PPres, que trabalha com a equipe Eurofarma na Stock Car, me deu uma enorme ajuda e conseguiu os dados que eu tanto queria.

E números não mentem: Brasília não é a cidade do futebol, mas sim do automobilismo.

Em dois fins-de-semana tivemos por aqui corridas de interesse nacional. Uma foi a Stock Car, a outra o Brasileiro de Marcas.

Na Stock, 28 mil pessoas foram ao autódromo. No Brasileiro de Marcas, 18 mil. Tudo isso em um espaço precário, que não oferece conforto algum aos que circulam por ali, sejam equipes, pilotos ou público.

Em uma simples comparação, vamos aos jogos de futebol que aconteceram aqui em Brasília nos fins-de-semana das corridas:

Dias 26 e 27 de abril, fim-de-semana da etapa de Brasília da Stock Car
Jogos de ida das semifinais do campeonato Candango de futebol

Brasília x Brasiliense
Estádio Serejão, em Taguatinga
Público: 140 pagantes

Sobradinho x Luziânia
Estádio Augustinho Lima, em Sobradinho
Público: 4.344 pagantes

Dias 4 e 5 de maio, fim-de-semana da etapa de Brasília do Brasileiro de Marcas
Jogos de volta das semifinais do campeonato Candango de futebol

Luziânia x Sobradinho
Estádio Serra do Lago, em Luziânia
Público: 1.128 pagantes

Brasiliense x Brasília
Estádio Serejão, em Taguatinga
Público: 1.264 pagantes

Os números são estes mesmo. Apesar de tanta atenção ao futebol, com investimentos e grande espaço de mídia, ao somar o público dos quatro jogos das semifinais do campeonato Candango o resultado é de 6.876 pagantes nos estádios.

É quase apenas um terço do público que foi ao autódromo assistir ao Brasileiro de Marcas e é quatro vezes menos pessoas ao comparar com o número de torcedores que lotou o autódromo no domingo da Stock Car.

Mané Garrincha vazio para
Flamengo x Goiás. Foto: Joel Rodrigues/Folhapress
Mas, podem argumentar que a Stock Car é um evento nacional, atraindo naturalmente maior número de pessoas que um campeonato local.

Para quebrar esta lógica, o Flamengo estreou aqui em Brasília pelo Campeonato Brasileiro contra o Goiás.

Foram colocados à venda 48.877, porém apenas 19.012 torcedores compareceram ao estádio.
Em 3 de maio, Atlético Paranaense e Cruzeiro jogaram no Mané Garrincha, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Segundo o Boletim Financeiro da CBF, foram vendidos 11.877 ingressos.


Quero deixar claro que não tenho nada contra o futebol. Apenas acho que se investe muito em um esporte em detrimento a outros que têm capacidade de atração de público e renda iguais ou até maiores que os do futebol.

É um paradigma que precisa ser quebrado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

De volta à Europa

(Da sucursal em Brasília-DF) – No domingo começa a temporada europeia da Formula 1, depois de uma sessão de quatro provas no oriente. A volta das corridas ao continente europeu trará duas grandes mudanças, com efeito já no GP da Espanha de domingo: -  melhoria da minha qualidade de vida. As largadas voltam a ser às 9h da manhã e eu deixo de ser obrigado a acordar no meio da madrugada de domingo para não ter de ver a corrida no compacto do Esporte Espetacular; - a logística da F1 se acerta. Como as equipes não precisam mais se deslocar para o outro lado do planeta, engenheiros e designers passam a ter mais tempo para desenvolver os carros. É no começo das provas na Europa que o campeonato acirra a disputa, com equipes aperfeiçoando os carros com mais eficiência e em menos tempo. Especula-se, por exemplo, que o novo chassi que a Red Bull usará na Espanha é fantástico, sensacional e fodástico. Porém, de tudo o que pode mudar a partir de domingo,

Senna, 20 anos sem meu herói da infância

Eu não era um garoto que dava trela para super-heróis. Nunca tive bonecos, nunca gostei do Hulk, do Homem-Aranha, do super capitão de cueca fora das calças. Minha onda sempre foram os carros, as corridas. E, aos nove anos, eu já cumpria o ritual dos fins de semana de Formula 1: assistia aos treinos nos sábados e as corridas, nos domingos. Verdade que não conseguia ver todas as provas. Minha mãe levava o meu irmão e a mim à igreja aos domingos, mas eu conseguia pegar ao menos os primeiros 30, 40 minutos das corridas e, quando reencontrava meu pai, ao entrar no carro para voltar para casa, a primeira coisa que eu perguntava era quem tinha ganhado. Mas aquele fim de semana foi diferente. No sábado, 30 de abril de 1994, eu estava na sala assistindo ao treino classificatório para o GP de San Marino. Naquela época a fórmula dos treinos era diferente. Os boxes eram abertos por uma hora e, durante aquele período de tempo, todos os carros iam para a pista lutar pelos mel

Um Belcar em Samambaia

Esse eu vi ontem pela manhã, perto de casa, em Samambaia. O lindo DKW-Vemag Belcar estava estacionado na porta de um comércio, com a escrita "vendo" chamando atenção no vidro. Não tive dúvidas: peguei o primeiro retorno e fui ver de perto um dos carros mais bonitos já fabricados no Brasil. Ele estava estacionado de costas para a rua, então só quando desci do carro pude ver que tratava-se de um modelo 1967, o único a trazer quatro faróis, diferente dos anteriores que tinham dois faróis. O 1967 além do design diferente dos anteriores, é especial por ser do último ano de produção do Belcar no Brasil. Perguntei para as pessoas por ali pelo dono do carro que me indicaram ser o proprietário da lanchonete quase em frente à vaga onde estava parado o Belcar. Lá não encontrei o dono do carro, mas o irmão dele, o Márcio. Segundo ele, o carro está com o motor original, funcionando bem, e com documentos em ordem. O Márcio ainda me disse que querem R$ 16 mil por ele.