segunda-feira, 9 de junho de 2014

Canadá - Mercedes não venceu e Massa bateu forte

Na foto, Vettel dá um banho em Ricciardo. No mundial
de pilotos, é Ricciardo quem dá um banho em Vettel.
Foto: Stan Honda/AFP 
(Da sucursal em Brasília-DF) - Devido ao alto teor de adrenalina das últimas cinco voltas do GP do Canadá, faço este post em ordem inversa.

Começo pelo pódio.

Daniel Ricciardo, da Red Bull, ultrapassou Nico Rosberg na penúltima volta da corrida e venceu o GP. Foi a primeira vitória de Ricciardo na categoria e aconteceu em um momento muito especial. A Mercedes, com Nico e Lewis, tinha ganhado todas as corridas até ontem e a vitória do sorridente australiano pode mexer na luta pelo mundial.

Ficou clara ontem a evolução dos carros da Red Bull e foi para o chão o mito de invencibilidade que a Mercedes já estava conseguindo emplacar depois de vencerem as seis primeiras provas do campeonato.

Com a vitória, Ricciardo consolidou-se no terceiro lugar do campeonato de pilotos, abrindo dez pontos de vantagem para Fernando Alonso e 19 para o tetracampeão e companheiro de Ricciardo na Red Bull, Sebastian Vettel.

Vettel que passou por um belo cagaço e quase foi vítima do acidente na última volta, que tirou Felipe Massa e Sergio Pérez da corrida.

Dez voltas antes do fim da prova Massa vinha rápido, com pneus novos. Lá na frente, a Mercedes de Rosberg estava com problemas no sistema de recuperação de energia, o MGU-K, que tirava do alemão 160 cavalos por volta. O ritmo mais lento de Rosberg fez o pelotão dos líderes embolar bastante e facilitou a chegada de Massa em Vettel, que estava em 4º.

A distância entre Rosberg que era o líder e Massa, em 5º, chegou a espremidos 1,6s.

O problema foi que Massa ficou cozinhando pamonha atrás de Vettel. Demonstrava vontade de atacar, porém não partia para cima com ímpeto para definir a situação. Enquanto isso Ricciardo ultrapassou Pérez, foi a segundo e deixou o mexicano em terceiro.

Vettel, que não é besta, pulou no pescoço de Pérez e tomou o terceiro lugar no começo da penúltima volta. Massa, que tinha chances de vencer há dez voltas do final, percebeu que a oportunidade da vitória tinha ido para o saco. Sobrou a ele ultrapassar o mexicano e somar mais alguns pontos na luta interna na Williams contra Valteri Bottas.

E aí veio a última volta.
Massa tinha espaço à esquerda. Vettel não
foi atropelado por Felipe por alguns centímetros.

Massa, cheio de vontade e com prazo curto para superar Pérez, cacetou a traseira do mexicano na tomada da curva um, no momento em que abriu para fazer a ultrapassagem.

Foi uma porrada servida.

A telemetria indicou 27g de desaceleração no impacto dos carros. Foi uma pancada considerável e os dois foram parar no centro médico para avaliações.

Antes de acertar o muro, Pérez passou por trás e Massa pela frente de Vettel, que deve ter se borrado todo quando viu a cena da pancada pelo retrovisor.

O que eu achei do acidente?

Pérez abriu um pouco além do necessário na tomada da curva e Massa confiou que Pérez não se movimentaria nem um milimetro além do traçado normal. Massa poderia ter corrido menos riscos e feito a tomada da curva mais aberta, mais distante do carro de Pérez. Poderia ter sido menos afobado e ter tido um pouquinho mais de cuidado, já que estava bem mais rápido.

O carro de Massa ficou destruído e a violência do
impacto assustou. Foto: AP
A FIA entendeu que o erro foi do mexicano. Se for para encontrar um culpado, de fato Pérez errou. O comunicado da direção de prova informou que "o carro 11 (Pérez) mudou sua linha de direção, o que causou o impacto com o carro 19 (Massa) na curva 1."

Pérez foi punido com a perda de cinco posições no grid de largada do próximo GP, na Áustria, daqui duas semanas.

No mais, a corrida de Felipe foi muito boa. Não fosse o erro da Williams na parada para troca de pneus, o brasileiro poderia ter de fato lutado pelo pódio. Ou pela vitória.

Para compensar o mau resultado, Massa pode vangloriar-se de ter conseguido a proeza de ser o primeiro piloto além da dupla da Mercedes a liderar um GP neste campeonato. Aconteceu na volta 46, quando Hamilton parou nos boxes.

Hamilton assistiu dos boxes a boa
corrida de Nico Rosberg. Foto: Max Rossi/Reuters
Hamilton que abandonou pela segunda vez nesta temporada, na volta 47, por problemas nos freios. Da garagem, assistiu a Nico Rosberg chegar em 2º e marcar preciosos 18 pontos.

Com este resultado, Rosberg se isolou na liderança do mundial com 140 pontos, abrindo 22 de vantagem frente a Hamilton. É muita coisa em um campeonato tão disputado.

No mais, ficou o destaque para a largada de Nico Rosberg, que se impôs sobre Hamilton e obrigou o
colega de Mercedes a passear na grama. A manobra de Hamilton evitou o choque com Nico, porém permitiu a Vettel, que não perde oportunidades, a superar o inglês e assumir o segundo lugar.

Lá no fundo do grid, na confusão da primeira volta, Max Chilton entrou forte demais na curva três, escorregou e acertou Jules Bianchi, companheiro de equipe dele na Marussia. A cacetada foi tão forte que o carro de Bianchi voou no muro e perdeu o eixo traseiro.

Chilton jogou fora com esse acidente a chance de quebrar o recorde de Nick Heildfeld, que completou 41 corridas consecutivas. Chilton abandonou a disputa pelo recorde com o número de 25 provas completadas em sequência. De qualquer forma, o inglês detêm o recorde de novato que mais completou provas em sequência em uma mesma temporada (19), e de estreante que terminou mais corridas consecutivas (25).

A F1 volta em 22 de junho, em Spielberg, na Áustria.

No frigir dos ovos, tenho só uma observação: a Mercedes, mesmo com o tal do MGU-K quebrado, ainda era competitiva e colocou Nico no pódio. O carro dos alemães está realmente foda.

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