(Da sucursal em Samambaia-DF) - A corrida de hoje foi uma coisa de louco, daquelas que te deixam alerta o tempo todo. Uma das melhores
que já vi.
Vou dividir a prova de hoje em quatro momentos que
foram fundamentais para o resultado final.
O primeiro foi a largada.
Fazia tempo que Felipe Massa não largava com a perfeição de
hoje. Escorregou entre os carros e, ao final da primeira curva, já era
terceiro, pulando de sétimo.
Massa vinha de um treino classificatório ruim, largou atrás do colega de
equipe, o finlandês Valtteri Bottas, que tinha conseguido uma surpreendente terceira
posição, atrás apenas das inatingíveis Mercedes. Precisava fazer uma corrida
marcante para se tentar se impor diante de Bottas e começou bem demais.
Quando Valtteri piscou, viu a Williams de Massa na frente
dele.
A corrida seguiu com uma movimentação insana, com
ultrapassagens o tempo todo, brigas entre pilotos de mesma equipe e os dois carros
da Mercedes sumindo na frente.
Rosberg, que perdeu o primeiro lugar na largada, manteve-se
o tempo todo futucando a traseira de Hamilton. De dentro dos boxes, os
engenheiros da Mercedes pediam calma aos seus pilotos, mas em momento algum
proibiram que eles disputassem entre si.
Mais um ponto para os alemães. Além de construírem o melhor
carro e o melhor motor, permitem que os torcedores tenham de seus pilotos o melhor
que uma corrida de carros oferece, que é a disputa. O pau tem que comer em
pista, e não no rádio.
A corrida se desenhava aos poucos. As Force India se tornaram
competitivas por adotarem a tática de fazerem uma parada nos boxes a menos. A
estratégia era interessante e os pilotos do time, Sergio Pérez e Nico
Hülkenberg, souberam trabalhar muito bem dentro deste plano.
E neste ritmo frenético a corrida foi até a volta 41. E aí
vem o segundo momento mais importante da bagaça toda.
Esta foi a obra de arte de Maldonado hoje: coitado do Gutierrez que deve estar tonto até agora. Foto:AFP |
Sei lá que merda Maldonado tem na cabeça. O venezuelano já
tem fama suicida, já cometeu burrices inexplicáveis e, hoje, executou com primazia
mais uma presepada.
Tudo bem que Gutierrez deu uma abusada ao fechar a
trajetória ao defender-se, mas nos vídeos dá para perceber que cabia a Lotus no
espaço que sobrava. Maldonado deixou o carro escapar um pouquinho a dianteira e
deu uma cutucada na Sauber de Gutierrez. O resultado é este aí da foto, com o
coitado do mexicano de cabeça para baixo.
Gutierrez saiu do carro grogue mas bem. Maldonado se ferrou,
tomou punição de stop-and-go de 10 segundos. Também vai perder cinco posições
no grid de largada na China, além de somar três pontos ao prontuário. Pelas
novas regras da F1, pilotos que atingirem 12 pontos em uma temporada ficam
suspensos por uma corrida.
A zona feita por Maldonado foi tão bem elaborada que o
safety-car precisou entrar na pista enquanto tiravam o carro de Gutierrez da
curva e limpavam os cacos que sobraram.
Na volta 47 o carro de segurança deixou o circuito e a coisa
esquentou.
E aí começou o terceiro grande ato da prova.
Pela vitória brigavam Lewis Hamilton e Rosberg, que estava
com pneus macios, mais rápidos que os pneus médios de Lewis. Com um show de
pilotagem, disputas, trocas de posições, Hamilton se sustentou na frente até a
bandeirada.
Hamilton: genial. |
Corrida para o inglês colocar no portfólio e se vangloriar
para o resto da vida. Ele foi genial.
Atrás dos absolutos da Mercedes, a briga não era menos
intensa. Daniel Ricciardo, com pneus novos, ultrapassou o companheiro de equipe
e tetracampeão mundial, Sebastian Vettel. O alemão até esboçou resistência, mas
sem efeito. Poucas voltas depois, Ricciardo superou também a Hülkenberg e se
instalou em uma confortável quarta posição, especialmente depois da maré de azar
que afetou Ricciardo nas duas primeiras etapas do ano.
A entrada do safety-car atrapalhou a estratégia das
Williams. Apesar da extrema combatividade, Massa e Bottas chegaram em 7º e 8º,
seguidos por Alonso e Raikkonen.
O quarto grande momento? Alonso.
Se eu bem conheço as atitudes do espanhol, Alonso fez
questão com a tal celebração de ironizar a condição da Ferrari. Na verdade,
apesar de ter sido vice-campeão mundial por 3 vezes com os italianos, Alonso
nunca teve um grande carro. Talvez a gota d’água esteja prestes a pingar e o
ato irônico de hoje foi só um aviso.
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