|
Theo de capacete e a câmera de enfeite:
a merdinha chinesa não conseguiu filmar no escuro |
(Da sucursal em Brasília-DF) – Domingo foi dia de kart.
Antes de sair de casa, enquanto pendurava no capacete a câmera xingling que comprei, o Theo acabou vestindo o casco.
Calma filho, tua hora tá quase chegando.
Uma vez por mês participo de um campeonato, a convite de um amigo que sabe que sou fissurado pela brincadeira e que já corria faz algum tempo com um grupo de kartistas.
A galera, aliás, toca muito bem. Conto ali uns 10, 12 caras que andam mais ou menos no mesmo ritmo e fazem cada minuto ao volante valer a pena.
As corridas acontecem no último domingo do mês, no Carrera, no Parque da Cidade. A última foi a terceira prova, a primeira com pista seca. Na primeira e na segunda etapas largamos com chuva, o que fez as corridas perigosas e imprevisíveis.
Em fevereiro, na abertura da temporada, larguei no fim do grid e errei muito na corrida. Me precipitei e rodei algumas vezes, prejudicando demais o resultado. Acabei em 9º, na zona de pontuação mas frustado com os erros bobos.
Em março, na segunda corrida, fui para o kart com a cabeça mais tranquila. Procurei me concentrar mais e errar menos. O resultado foi bem melhor. Cheguei em 5º. Fiz uma corrida muito limpa e bacana, com um pega de cinco, seis voltas com o Renato Assis, se não me engano.
No domingo a coisa prometia. Mais consciente e com pista seca, coloquei em mente que faria uma corrida sem erros imbecis.
O grid de largada no nosso campeonato é feito com a inversão da ordem de classificação no campeonato. Assim, larguei em 11º, bem no meio da turma, pelo lado de dentro do traçado.
Quem conhece o Carrera sabe que a pista é estreita. A primeira curva é um grampo, que complica qualquer tentativa de superá-la sem tocar em algum outro carro. Minha estratégia era tentar ganhar o 10º lugar me mantendo por dentro na curva um e, na sequência, me posicionar por fora na curva dois para ganhar algumas posições na tomada da curva três.
Mas, meu planejamento foi para o espaço quando a luz verde acendeu.
Os pilotos que estavam em 9º e 10º largaram mal. Acabei me metendo na brecha que eles deixaram e quando vi, estava por fora na curva um. Totalmente o oposto do que havia planejado.
Aproveitei e abri bastante a curva, para evitar toques. Consegui tracionar bem para e entrei forte na curva três, já brigando pelo quinto e sexto lugar. Fato é que, para minha surpresa, eu já era quarto colocado na reta oposta.
Vim brigando por posições e cruzei a reta no encalço do terceiro colocado. Estávamos os quatro em um ritmo muito forte.
Na terceira volta fiz mágica. Superei o segundo e o terceiro colocados e cheguei a assumir a ponta por alguns momentos, mas o Felipe se posicionou melhor por dentro na chicane que dá acesso a reta dos boxes e voltou ao primeiro lugar.
Aí, na quarta volta, cometi o erro que matou minha corrida. Entrei fechado demais na curva um. O kart acertou um buraco, eu perdi o controle e fui parar nos pneus do outro lado da pista. Preso na barreira de proteção, vi todos os carros passarem por mim, sem pena.
Para piorar, um dos pilotos não conseguiu parar a tempo e bateu com muita força na minha lateral direita. Sim, está doendo até agora.
Voltei em 15º, a última posição, e comecei a remar.
Me concentrei, não cometi erros, e fui me recuperando. Nas últimas cinco voltas, em 7º (eu acho) alcancei um pelotão de quatro carros e me posicionei para tentar ultrapassá-los.
Aí uma confusão dos fiscais de pista matou meu fim de prova.
Quando um fiscal agita a bandeira azul, ele quer te dizer que você é um retardatário e que é para você dar passagem ao carro que vem atrás.
O problema é que na minha frente eu enxerguei retardatários que eu tinha direito de ultrapassar. Mas a falta de objetividade dos fiscais não deixou ao piloto à minha frente que ele percebesse que precisava abrir.
E não me fez perceber que atrás de mim estava o líder.
Como eu não sabia que o primeiro colocado era quem estava em meu encalço, fui ultrapassando os que conseguia e me defendendo da ultrapassagem dele.
Puto, o líder me deu um totó. Mais uma vez, meu kart na contramão.
Desta vez, consegui voltar mais rapidamente e me posicionei bem, logo atrás do Carlos Togo, líder do campeonato.
No fim das contas, terminei em 7º.
Depois da prova, devido ao grande número de cacetadas, totós e ultrapassagens utilizando o kart adversário como apoio, teve reunião para um paga geral.
Vamos ver no mês que vem se a conversa surtiu efeito.