segunda-feira, 12 de maio de 2014

Felipe Nasr, P1

Nasr venceu na Espanha, pela GP2. Abra teu olho, Massa.
(Da sucursal em Brasília - DF) - Depois de 50 largadas na GP2, o brasiliense Felipe Nasr venceu pela primeira vez na categoria de acesso à Formula 1.

Nasr ganhou a segunda bateria do fim de semana na Espanha. Fez uma largada insana, pulou do sexto para o segundo lugar logo de cara.

Na sequência, voou no pescoço do pole-position, Tom Dillman e, na curva 5, assumiu a ponta. 

Já em primeiro, correu tranquilo para a vitória, com o líder do campeonato, Jolyon Palmer em segundo, 7s6 atrás.

E a vitória vem para Nasr em um momento especial. Nunca ter vencido na GP2 era um fardo que o piloto carregava. Imagino que sem essa pressão, Nasr tenha de agora para frente mais tranquilidade para fazer um campeonato consistente e garantir uma vaga na Formula 1, uma vez que...

...Nasr é piloto reserva na Williams. Nasr é companheiro de Massa na Williams. Massa anda mal das pernas na Williams. 

Quem sabe não aconteça uma troca de Felipes na Williams em 2015?

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Coisas de Brasília

"Aproveitamos o almoço, te pego no trabalho, resolvemos uns problemas em Taguatinga, deixamos o bebê em Samambaia, você me dá uma carona até o trabalho e volta para o SIA."

Esta frase de minha mulher significou 93 km rodados.


Felipe Nasr na pista hoje, na Espanha

Felipe Nasr nos boxes em Barcelona.
Foto: Williams
(Da sucursal em Brasília-DF) - O brasiliense Felipe Nasr andou na manhã de hoje, na primeira sessão de treinos livres para o GP da Espanha.

Nasr é piloto reserva na Williams e tem, por contrato, o direito de pilotar o carro de Valtteri Bottas em cinco sessões de treinos durante toda a temporada.

No treino de hoje, Nasr deu 15 voltas e fez a melhor volta em 1:29.272. Na mesma sessão, Massa, girou em 1:28.791. Bottas, que pegou de volta o carro para o segundo treino, fez a melhor volta dele em 1:29.105.

Comparando os tempos, mesmo sem saber qual era o programa de treinos estabelecido pela Williams para hoje, Nasr fez voltas em tempos muito próximos aos dos titulares. Bom sinal, especialmente para um piloto que tem contatos esporádicos com o carro em pista.

E para deixar a coisa ainda mais bacana, um passarinho me contou que Felipe Nasr rodaria com o carro de tanque cheio e com pneus duros, para evitar que ele superasse os tempos dos colegas.

Se essa informação for real, Nasr está trilhando um ótimo caminho na Williams.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

De volta à Europa

(Da sucursal em Brasília-DF) – No domingo começa a temporada europeia da Formula 1, depois de uma sessão de quatro provas no oriente.

A volta das corridas ao continente europeu trará duas grandes mudanças, com efeito já no GP da Espanha de domingo:

-  melhoria da minha qualidade de vida. As largadas voltam a ser às 9h da manhã e eu deixo de ser obrigado a acordar no meio da madrugada de domingo para não ter de ver a corrida no compacto do Esporte Espetacular;

- a logística da F1 se acerta. Como as equipes não precisam mais se deslocar para o outro lado do planeta, engenheiros e designers passam a ter mais tempo para desenvolver os carros. É no começo das provas na Europa que o campeonato acirra a disputa, com equipes aperfeiçoando os carros com mais eficiência e em menos tempo.

Especula-se, por exemplo, que o novo chassi que a Red Bull usará na Espanha é fantástico, sensacional e fodástico.

Porém, de tudo o que pode mudar a partir de domingo, a evolução que mais tem poder de mexer no campeonato vem da Renault, que fornece motores para a equipe das latinhas de energético e para outros três times que alinham no grid.

A fábrica francesa fez alterações nas unidades de força que fornece e, para alegria dos pilotos, parece ter resolvido os problemas que estavam complicando os resultados dos clientes na F1.

O motivo das mudanças na Renault são facilmente compreendidos com a leitura dos números de até agora na temporada, com a comparação dos resultados somados de todas as fornecedoras de motores.

A Renault, que com seus motores faturou seis dos últimos dez campeonatos mundiais, precisa realmente evoluir. Em um cálculo de média de pontos por número de carros, a Ferrari, que fornece unidades de força a menos equipes que a Renault no grid, atinge 8,67 pontos por carro, contra 8,13 pontos dos franceses.

Ou a Renault reage agora, ou pode desistir do mundial de 2014.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Mobilidade urbana

(Da sucursal em Brasília - DF) - Perto da minha casa existem duas estações do metrô. Uma a quatro e a
outra a cinco quilômetro de distância do meu prédio.

Para chegar até as estações, posso pegar uma carona. Ou ir à pé.

À pé eu levaria muito tempo. De carro, eu precisaria enfrentar o trânsito da avenida engarrafada que já faz infernal a minha manhã, trinta segundos depois de sair do condomínio.

A solução mais inteligente e econômica? Tirar a bicicleta de casa e pedalar até o metrô.

O porém é ser obrigado a dividir o trânsito com alguns motoristas que ou são incompetentes ao volante ou que tentam compensar o diminuto pênis com agressividade ao volante.

Sei que é uma ideia quase utópica para a realidade do transporte urbano brasileiro, mas a solução dada pelo designer e planejador urbano Nick Falbo apresentada no vídeo abaixo é sensacional.

Falbo desenhou cruzamentos protegidos, que mantêm o fluxo e garantem ciclistas à salvo dos motoristas mais lerdos ou filhos da puta, mesmo. 

O projeto de Nick Falbo está inscrito em um prêmio da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, que tem como tema pensar novas formas de solucionar os problemas no transporte.

O site do projeto de Falbo é www.protectedintersection.com.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Sangue frio ou reflexo involuntário?

(Da sucursal em Brasília-DF) - Com o aniversário da morte de Ayrton Senna, acabei assistindo a vários vídeos do fim de semana do GP de San Marino de 1994.

Revendo o acidente de Rubens Barrichello, que ficou gravemente ferido nos treinos livres de sexta-feira, fiquei impressionado com um momento durante o desenrolar da batida: respondendo a um reflexo, Barrichello solta o volante e ergue as mãos, protegendo a viseira e ao capacete.

Normalmente pilotos soltam o volante quando estão em condição iminente de chocar-se contra algo. A atitude previne fraturas nos braços, que recebem diretamente a força do impacto transmitido pela coluna de direção e, finalmente, ao volante.


Para os que não se recordam, o vídeo do acidente:

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Senna, 20 anos sem meu herói da infância

Eu não era um garoto que dava trela para super-heróis.

Nunca tive bonecos, nunca gostei do Hulk, do Homem-Aranha, do super capitão de cueca fora das calças.

Minha onda sempre foram os carros, as corridas.

E, aos nove anos, eu já cumpria o ritual dos fins de semana de Formula 1: assistia aos treinos nos sábados e as corridas, nos domingos. Verdade que não conseguia ver todas as provas. Minha mãe levava o meu irmão e a mim à igreja aos domingos, mas eu conseguia pegar ao menos os primeiros 30, 40 minutos das corridas e, quando reencontrava meu pai, ao entrar no carro para voltar para casa, a primeira coisa que eu perguntava era quem tinha ganhado.

Mas aquele fim de semana foi diferente.


No sábado, 30 de abril de 1994, eu estava na sala assistindo ao treino classificatório para o GP de San Marino. Naquela época a fórmula dos treinos era diferente. Os boxes eram abertos por uma hora e, durante aquele período de tempo, todos os carros iam para a pista lutar pelos melhores tempos.


No meio do treino, pulei no sofá quando percebi o tamanho da pancada de Roland Ratzenberger, piloto
austríaco da Simtek. A cena que me vem à mente até hoje daquele acidente é de parte do corpo de Ratzenberger para fora do carro e do sangue sobre a viseira do capacete.

Fiquei chocado, meu coração parou na goela. Apesar de ainda criança, eu já tinha noção da gravidade daquele acidente. Para reforçar meu susto, eu ainda estava com as cenas na cabeça de outro acidente, o de Rubens Barrichello no dia anterior. A batida tinha sido muito forte, ao ponto de quando viraram o carro de Barrichello, a cabeça do brasileiro ricochetear sem reação, denunciando que Rubinho estava desacordado.

Ver Ratzenberger daquele jeito foi apavorante, especialmente para uma criança de nove anos.

Lembro-me de pouca coisa depois do acidente do austríaco, mas me recordo das cenas de Ayrton Senna transtornado, já ciente da morte de Ratzenberger. O acidente havia sido claramente violento demais e o piloto não suportara. 

Hoje digo sem medo de errar que Roland morreu na pista.

No domingo,1º de maio, sei lá o porquê não fui à igreja. Recordo-me de meu pai e eu na sala, assistindo a corrida. Juro que não lembro-me de meu irmão ali. Léo, você estava conosco?

De qualquer forma, o clima da corrida era estranho.

Senna no grid em Ímola. Foto: The Cahier Archive
Estava evidente a tensão, os pilotos no grid tinham expressão carregada. O acidente grave de Barrichello e a morte de Ratzenberger deixava no ar uma sensação de que aquela corrida não tinha que acontecer.

Galvão Bueno chegou a repetir várias vezes antes da largada que tudo o que todos queriam era que aquela corrida acabasse bem. Frases que não faziam muito sentido para um evento esportivo, para a festa que eu estava acostumado a ver nas pistas.

Já na largada, as coisas não correram bem. J.J. Letho teve problemas em sua Benetton e não conseguiu partir. Vindo do fundo do grid, o português Pedro Lamy não teve como desviar e bateu forte na Benetton parada. Um pneu do carro de Lamy voou em direção à arquibancada e feriu a nove torcedores.

Safety-car na pista.

Lembro-me da troca de câmeras durante as voltas do carro de segurança, que quando pulavam para o carro de Schumacher, mostravam a traseira do carro do líder, Ayrton Senna.

Na relargada, Galvão tinha a voz pesada, ainda.

Até escrever sobre esse momento é algo que me arrepia. Naquele ano eu tinha passado recentemente pela minha primeira experiência de perder alguém que admirava. Meu avô paterno, Joaquim, havia morrido fazia pouco tempo, em janeiro. Era recente na memória, que é viva até hoje, a cena de meu pai atendendo ao telefone em uma tarde de domingo. Aquele telefonema trazia a notícia da morte de meu avô.

Na relargada, Senna manteve-se à frente de Schumacher. Quando o brasileiro fez a tomada para a curva Tamburello, a TV exibia as imagens de dentro do carro do alemão. Naquela tomada, foi fácil identificar a linha reta que a Williams nº 2 tomou, fugindo da tangência da curva em direção ao muro.

"Senna bateu forte", disse um assustado Galvão Bueno.

De pé, no meio da sala, assistia àquela cena inacreditável. A Williams girava na pista, peças voavam. O carro parou e a cabeça de Senna pendeu para a direita. Eu fiquei em choque e senti um certo alívio quando Ayrton moveu-se levemente no cockpit.

Alívio que não se inflava. Não enxergava em Senna reações que estava acostumado a ver em outros acidentes. Ele não bateu no cinto, não sacou o volante, não pulou do carro. Ficou inerte, assim como Barrichello e Ratzenberger. Meu desespero com aquela situação era tão grande que fui parar no banheiro. O intestino desandou de tensão.

Ao voltar para a sala, os médicos atendiam a Senna sobre a brita da área de escape. Dava para ver o sangue tingindo as pedras, apesar das tentativas inócuas do helicóptero da geração de imagens de evitar captar cenas chocantes.

Alguns minutos depois, Senna foi colocado em um helicóptero, em uma maca.

As imagens acompanharam a aeronave até ela sumir no horizonte.

Passou-se algum tempo e a corrida foi reiniciada. De tempos em tempos, boletins com informações vagas me davam algum esperança de que Senna sobreviveria.

Fim de prova. No pódio Schumacher, Nicola Larini e Mika Häkkinen recebiam os troféus e comemoravam.

Aquela celebração dos vencedores acendeu em mim certa esperança. Pilotos não comemorariam se soubessem o estado de Senna no hospital.

Hoje, acho que eles realmente não sabiam.

Apesar do fim da transmissão, fiquei na sala. Nunca mais me esqueci do hospital Maggiore e da cidade de Bolonha, para onde Ayrton Senna foi levado depois do acidente.

Perto das 14h, Léo Batista apareceu na tela pequena da Toshiba de madeira e deu a notícia que eu não queria ouvir. Por telefone, Roberto Cabrini confirmava a informação de que meu herói tinha morrido.

Chorei.

O resto do dia foi uma merda.

Já à noite, quando o Fantástico terminou com as imagens da carreira de Ayrton com o tema da vitória de fundo, eu chorei mais uma vez.

Estava no sofá da sala, com minha mãe ao lado, que me fazia um carinho, tentava me acalmar. Mas sei lá, acho que naquela hora todos ali choravam.

O meu herói e o herói de um País todo tinha morrido.

Injusto demais. Fiquei sem chão, porque apesar de não entender muito de super-heróis, tinha certeza de que eles nunca morriam.

Ayrton Senna guiando pela McLaren. Foto: Getty Images
Este texto também é minha coluna da semana no Drive Brazil. Mas, como o dia de hoje é especial, publiquei ela hoje mesmo, aqui no Punta.

Um Belcar em Samambaia

Esse eu vi ontem pela manhã, perto de casa, em Samambaia. O lindo DKW-Vemag Belcar estava estacionado na porta de um comércio, com a escr...